Um recente relatório divulgado pela Anistia Internacional denunciou a discriminação extrema no Paquistão. O documento intitulado “Abra-nos e veja que sangramos como eles”, mostra que a perseguição atinge os cristãos, inclusive, quando o assunto é distribuição de empregos, com base na crença de que “trabalho impuro é reservado para não muçulmanos”.
De acordo com os dados, 80% dos catadores de lixo são cristãos e o restante é hindu. Isso ocorre em um país onde as minorias religiosas representam apenas 2% da população.
Apesar de o sistema de castas não ser oficializado no Paquistão, a denúncia reforça que essa dinâmica é utilizada para escolher quem trabalha em determinadas profissões. Como exemplo, o relatório cita o termo “Chuhra”, que tradicionalmente se refere à “casta dos catadores”, é considerado altamente pejorativo e, de fato, agora é sinônimo de cristão.
“O Paquistão deve reconhecer a discriminação de casta como uma forma de racismo”, enfatizou a Anistia, de acordo com relatos da mídia asiática.
A Anistia acrescenta ainda, que os poucos muçulmanos que são forçados a aceitar esses empregos, considerados “inferiores”, se recusam a fazer as tarefas mais degradantes e, geralmente, são alocados em cargos de supervisão.
Em Lahore, a segunda maior cidade do país com 11 milhões de habitantes, o cristão Shafiq Masih, trabalha na limpeza dos esgotos. Ele tem 44 anos, e desde os 15, coloca sua vida em risco em meio a gases tóxicos, poluentes e outros resíduos.
“É um trabalho difícil… Quando alguém desce (para o esgoto), primeiro tem que sacrificar todo o respeito próprio”, disse ele à AFP.
Masih afirma que não possui equipamentos apropriados para eles realizarem o trabalho, e que entram nos poços sem máscaras e, muitas vezes, sem luvas, e estão sujeitos a todo tipo de descarte.
“Quando eu estava lá dentro, caiu água misturada com detergente em mim porque as pessoas lá dentro (da casa) estavam lavando roupas. (Às vezes) as pessoas vão ao banheiro, dão descarga e toda a sujeira cai em cima da gente”, explicou ele.
A diretora regional adjunta da Anistia Internacional para o Sul da Ásia, afirmou que o tratamento injusto dos trabalhadores orgânicos no Paquistão viola os direitos humanos.
“Muitos membros de minorias são forçados a esse trabalho devido a preconceitos arraigados que os impedem de escolher. O problema é que o sistema jurídico do país ainda não reconhece a discriminação baseada em castas como uma forma de racismo”, denunciou.
No relatório, a Anistia Internacional solicita ao governo paquistanês, a aprovação de uma lei que proíba a discriminação baseada em castas como uma medida urgente, a fim de garantir condições de trabalho decentes, seguras e justas.
A organização conclui enfatizando que não se trata de um pedido “de privilégios, mas de respeito básico à dignidade humana e aos direitos fundamentais de todos os cidadãos, sem exceção”.
Redação CPAD News/ Com informações Evangelico Digital