Uma das preocupações da população com a chegada do verão e da primavera no Hemisfério Sul é a proliferação da dengue, típica desse período devido ao aumento da temperatura e das chuvas que favorecem a reprodução do mosquito Aedes aegypti. As águas acumuladas em recipientes abertos, como vasos de plantas, pneus e garrafas, se transformam em locais de reprodução do inseto. No Hemisfério Sul, como por exemplo, o Rio de Janeiro, a dengue costuma se intensificar durante o verão, com o pico de casos geralmente ocorrendo de dezembro a maio.
Segundo o Ministério da Saúde, o país ultrapassou a marca de um milhão de casos prováveis de dengue no ano de 2025. Embora o número atual de casos seja inferior ao registrado no mesmo período de 2024, a situação segue alarmante. Em 2023, os registros eram ainda menores na mesma época. O cenário atual remonta ao grave quadro vivenciado há dois anos, quando o país já havia superado o total de mortes por dengue dos oito anos anteriores somados.
Transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada, a dengue pode apresentar sintomas como febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e articulares e manchas vermelhas na pele. Em alguns casos, ela pode evoluir para formas graves, com manifestações hemorrágicas e até mesmo levar a óbito.
A prevenção da dengue envolve a eliminação de focos de água parada, onde o mosquito Aedes aegypti possa se reproduzir. Alguns cuidados são essenciais como: manter a higiene; remover água acumulada em vasos e pratos de plantas, pneus, caixas de água, etc.; utilizar telas em janelas e portas; usar repelentes; e, ao apresentar sintomas da doença, procurar um atendimento médico. As Unidades de Saúde também trabalham na orientação da população.
O Aedes aegypti é originário do Egito e, desde o século 16, período das Grandes Navegações, vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais. O vetor foi introduzido no Novo Mundo, no período colonial, por meio de navios que traficavam escravos. Ele foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. O nome definitivo – Aedes aegypti – foi estabelecido em 1818. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a primeira epidemia no continente americano ocorreu no Peru, no início do século 19, com surtos no Caribe, Estados Unidos, Colômbia e Venezuela.
Os primeiros relatos da doença no Brasil datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ). Naquela ocasião, a principal preocupação era a transmissão da febre amarela. Em 1955, o o Aedes aegypti foi erradicado como resultado de medidas para controle da febre amarela. No final da década de 1960, o relaxamento das medidas adotadas levou à reintrodução do vetor nos estados brasileiros. Em 1986, houve epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais do Nordeste.
Obs: Os assuntos tratados nessa editoria seguem uma linha informativa, e a mesma não se responsabiliza em tratar diagnósticos. Em caso de apresentação de algum sintoma, um médico especialista deverá ser consultado.
Por Ezequias Gadelha / Com informações Folha de S.Paulo, Conselho Federal de Enfermagem e Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)