Nesta terça-feira (12), o governo de Donald Trump publicou o Relatório de Direitos Humanos de 2024, onde são feitas duras críticas a países como Brasil e África do Sul. Ao mesmo tempo, o documento suavizou drasticamente as palavras em relação a governos aliados do presidente dos EUA, como El Salvador e Israel.
O documento difere em vários trechos das edições publicadas anteriormente, pelo governo democrata de Joe Biden: qualquer crítica aos governos sobre cerceamento aos direitos das pessoas LGBTQIA+ parece ter sido amplamente omitida. Ao contrário da gestão Biden, o governo republicano se referiu à invasão da Ucrânia pela Rússia como a “guerra Rússia-Ucrânia”.
A parcela do relatório sobre Israel deste ano (referente a 2024) muito mais curta do que a edição do ano passado (referente a 2023) e não continha nenhuma menção à grave crise humanitária ou ao número de mortos em Gaza. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 61 mil pessoas foram mortas.
Segundo autoridades governamentais que falaram sob condição de anonimato à Reuters, o relatório foi adiado por meses, pois os indicados por Trump alteraram drasticamente um rascunho anterior do Departamento de Estado para alinhá-lo aos valores da doutrina trumpista “América em Primeiro Lugar” (MAGA, na sigla em inglês).
Os laços bilaterais de Washington com El Salvador se fortaleceram desde que Trump assumiu o cargo, com o governo deportando pessoas para aquele país com a ajuda do presidente Nayib Bukele. A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, disse que o relatório foi reestruturado para melhorar a legibilidade e que não era mais uma lista extensa de “demandas e afirmações politicamente tendenciosas”. Ele se recusou a responder a perguntas específicas e não explicou por que uma lista de violações de direitos humanos em El Salvador foi removida.
No Brasil, o Departamento de Estado constatou que a situação dos direitos humanos piorou, após o relatório de 2023. O relatório deste ano criticou os tribunais, afirmando que eles tomaram medidas que minam a liberdade de expressão e reprimem desproporcionalmente a liberdade de expressão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre outros.
O relatório também apontou piora na África do Sul. O documento afirmou que “a África do Sul deu um passo substancialmente preocupante em direção à expropriação de terras sobre africâneres e novos abusos contra minorias raciais no país.”
Redação CPAD News / Com informações G1