Desde 2018 para cá, nossa imprensa (não toda ela, mas a grande maioria) está realmente enlouquecida. Entendo que não se goste do atual mandatário da Presidência da República, mas daí a agir cega, obsessiva e histericamente contra ele é outra coisa. Por exemplo, eu mesmo tenho muitas coisas das quais discordo de Bolsonaro. Segue uma pequena lista: além de, às vezes, ele se perder pela boca (ora pecando na forma, ora no conteúdo, quando não nos dois) – se bem que isso é algo que todos que votaram nele já esperavam que acontecesse algumas vezes durante seu governo –, Bolsonaro não fez uma escolha boa para a PGR; escolheu pior ainda em sua primeira nomeação para o STF; está fazendo agora, em minha modesta opinião, uma escolha fraca para sua segunda nomeação ao STF; a Reforma Tributária apresentada há poucos dias pelo governo é ruim; e às vezes o governo é lento em tomar algumas decisões. Essa é uma lista básica de alguns dos erros que vejo no atual governo.

Bem, é fato que há erros. A questão é que, por outro lado, também é fato que o seu governo tem tido muitos acertos. Por exemplo, conseguiu aprovar uma histórica Reforma da Previdência, que proprociona uma economia de R$ 855 bilhões em 10 anos para o país, podendo chegar a R$ 1,3 trilhão (AQUI); ele enxugou a máquina pública federal em uma proporção inédita na história do país (AQUI); fez as estatais darem lucro histórico (AQUI e AQUI); está fazendo um trabalho extraordinário na área de infraestrutura do país, que vai deixar um legado importantíssimo para as próximas décadas (AQUI e AQUI); pela primeira vez (pelo menos até agora) temos um governo que não se envolveu com escândalo de corrupção (sim, narrativas há muitas, mas quando se vai além da fumaça das acusações, não há substância alguma; e conquanto não se envolver com corrupção seja obrigação, em se tratando de Brasil, é algo a se comemorar – AQUI); mesmo após o absurdo fechamento do comércio pelos governadores e prefeitos durante a pandemia, o país está surpreendentemente se recuperando bem neste ano, diferentemente dos demais países do mundo (China não conta, porque ela lucrou com a pandemia) (AQUI); seu governo fechou importantes acordos comerciais aumentando as exportações do país (AQUI e AQUI) etc.

Ora, diante de tudo isso, o que deveríamos esperar da imprensa? Tudo aquilo que se espera de uma imprensa séria, que são apenas (1) falar bem quando o governo acerta, (2) falar mal quando o governo erra e (3) nunca levar para o lado pessoal. Entretanto, o que vemos hoje é o extremo oposto disso. A maioria da imprensa ou omite o máximo que pode em relação a quando o governo acerta ou fala mal de qualquer coisa que o governo faça, seja certa ou errada, às vezes distorcendo os fatos; e sempre está levando tudo assumidamente para o lado pessoal. Sandice total. Simplesmente, a imprensa deixou de ser imprensa para se tornar oposição, e da pior espécie. Um exemplo são os xingamentos: “nazista”, “fascista”, “homofóbico”, “racista”, “ditador” etc, quando não há um ato ditatorial, um ato de homofobia ou racismo, um ato fascista ou nazista cometido por esse governo. São apenas palavras lançadas ao vento por gente que deveria ser séria e centrada, por dever pessoal e porque tem a importante missão de informar à população os fatos, mas que hoje se presta desavergonhadamente a criar narrativas as mais mirabolantes, descoladas da realidade. Os fatos não importam mais; somente importam meus sentimentos, vontades e impressões.

Isso tudo parece ocorrer por uma mistura de ideologia (afinal de contas, a maioria esmagadora dos colegas da imprensa secular é de esquerda) com raiva pela diminuição de grande parte da verba do governo federal para as empresas de jornalismo no Brasil, que gerou demissões e a diminuição do salário de muita gente. Seja como for, é irresponsabilidade. Além disso, não por acaso, os jornalistas que se mostram mais coerentes – e eles têm críticas ao governo – são os que têm maior audiência.

E como se não bastasse a militância travestida de jornalismo isento, há ainda “pérolas” de demonstração de “amor” que são de causar espanto, que já entraram para a história do país, uma verdadeira coleção sem fim. Refiro-me àqueles momentos em que o jornalista não consegue se conter e, mais do que omitir ou distorcer, usa seu espaço na imprensa escrita para literalmente xingar, amaldiçoar ou desejar a morte do presidente da República. Já não são profissionais; são “black blocs” de redação. Eis alguns casos AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, AQUI e AQUI. E isso é só uma pequena amostra.

Volto a dizer: não precisa gostar do atual mandatário da Presidência. Só não dá para fazer esse tipo de papel e dizer que ainda é jornalismo.

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Mudando de assunto, eis o cenário:

1) STF/TSE e a oposição contra o voto auditável;

2) STF solta Lula e o torna elegível para ano que vem;

3) CPI da COVID, dirigida por pessoas “sem suspeita”, tentando emplacar acusações contra o governo que são derrubadas uma a uma, mas que, no mundo paralelo de boa parte da grande imprensa, é descrita como se o governo estivesse mais sujo que “pau de galinheiro” (Costumo dizer que, para você saber como a imprensa virou militante, basta apenas ter o estômago e a paciência de assistir a uma sessão da CPI da COVID e, depois, na noite do mesmo dia, assistir ao que os telejornais dirão a você sobre a mesma sessão que você assistiu – a discrepância entre narrativa e realidade é amazônica);

4) E os institutos de pesquisa (que, nos últimos anos, têm errado com uma frequência espantosa, e de muito – AQUI, AQUI e AQUI) dizendo que Lula, que mal pode sair na rua devido ao “amor” da população por ele, ganha já no primeiro turno do atual mandatário, que, por sua vez, quer se goste dele ou não, literalmente arrasta multidões por onde passa.

Que conjuntura estranha, não?

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Silas Daniel

Silas Daniel é pastor, jornalista, chefe de Jornalismo da CPAD e escritor. Autor dos livros “Reflexão sobre a alma e o tempo”, “Habacuque – a vitória da fé em meio ao caos”, “História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil”, “Como vencer a frustração espiritual” e “A Sedução das Novas Teologias”, todos títulos da CPAD, tendo este último conquistado o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãos (Asec) como Melhor Obra de Apologética Cristã no Brasil em 2008.

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