O patriarca do pietismo foi o Pastor luterano alemão Philipp Jakob Spener (1635-1705). Spener estudou teologia em Estrasburgo (Alemanha) e depois em Genebra (Suíça). Em 1664, doutorou-se em teologia. No ano de 1666 assumiu o pastorado da Igreja luterana em Frankfurt (Alemanha). Descontente com os rumos do luteranismo alemão, Spener pregava uma reforma moral, disciplina cristã e a necessidade de um cristianismo prático.
Contrário à rígida ortodoxia luterana, o pastor Spener passou a realizar reuniões religiosas nas casas induzindo os presentes a participarem da discussão bíblica. Em 1675 publicou a obra “Pia Desideria” (Desejos Piedosos), cujo título originou o termo "pietistas". Na referida publicação, Spener fez seis propostas para a restauração e correção da Igreja, que podem ser assim resumidas:
a) A palavra de Deus deve ser ensinada de forma mais extensiva;
b) Reintrodução do modelo apostólico de culto na Igreja;
c) O cristianismo consiste em prática de vida;
d) Colocar a apologia a serviço da glória de Deus;
e) Reforma do Estudo Teológico; e
f) Pregação como instrumento missionário/Pastoral.
Como era de se esperar, o movimento pietista despertou severas críticas por parte da ortodoxia luterana. Seus seguidores foram denunciados como criadores de uma “nova religião” e que estavam torcendo o cristianismo. Porém, a proposta do pietismo era de restaurar a Igreja alemã da ortodoxia formalista: “o pietismo ressaltava a experiência religiosa pessoal, especialmente o arrependimento e a santificação”.
Esse movimento em favor da renovação espiritual acabou provocando mudanças na teologia. Antes, a teologia focalizava o que Deus faz pelas pessoas, e depois no pietismo, o enfoque passou a ser o que Deus realiza dentro das pessoas. A preocupação anterior era com o batismo e a preocupação agora é com a conversão. Desse modo o pietismo apresenta os seguintes marcos:
O primeiro marco do pietismo é um cristianismo de experiência. Não basta batizar-se para cumprir o sacramento é necessário experimentar o novo nascimento e a regeneração.
O segundo marco do pietismo é um cristianismo tolerante. Os pietistas desaprovavam as exageradas polêmicas da teologia luterana que se preocupava em desconstruir as outras teologias.
O terceiro marco do pietismo é um cristianismo visível. Os pietistas acreditavam que o autêntico cristão deveria revelar sua genuína conversão e comunhão com Deus por meio de atitudes, comportamentos, ações e conduta ilibada.
O quarto e último marco do pietismo é um cristianismo ativo. Os pietistas demonstravam interesse sincero na transformação do mundo e por isso estimulavam o evangelismo e os trabalhos missionários.
Assim, a influência do pietismo ultrapassou os limites do luteranismo, alcançou a Europa e especialmente a América do Norte. O movimento influenciou a vida e a teologia de John Wesley e do Metodismo, e, também serviu de base para várias Igrejas independentes. “Os grupos de reavivamento, incluindo os pentecostais e Igrejas de santidade, como os nazarenos e as Assembleias de Deus, podem ser vistos como extensões [...] do pietismo cristão” (Olson, 2001, p. 503).
Pense Nisso!
Douglas Roberto de Almeida Baptista
Referência Bibliográfica
OLSON, R. História da Teologia Cristã. São Paulo: Vida, 2001.
Mais uma aula de teologia do nosso sábio Pastor Douglas. uma excelente reflexão para os ministros contemporâneos e para todos os cristão que desejam morar no Céu. Parabéns Pr. Douglas, a paz do Senhor Jesus Cristo.
Parabens pelo belissimo artigo!
Excelente artigo pastor Douglas, pois muitos crentes não conhecem a história do cristianismo, que é muito importante para se pensar o futuro dele, porque se não conhecermos o nosso passado como vamos saber agir no presente para melhorarmos o futuro do evangelho? Grande abraço.
Excelente artigo pastor Douglas, pois muitos crentes não conhecem a história do cristianismo, que é muito importante para se pensar o futuro dele, porque se não conhecermos o nosso passado como vamos saber agir no presente para melhorarmos o futuro do evangelho? Grande abraço.
Douglas Baptista é pastor, líder da Assembleia de Deus de Missão do Distrito Federal, doutor em Teologia Sistemática, mestre em Teologia do Novo Testamento, pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Bibliologia, e licenciado em Educação Religiosa e Filosofia; presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Cristã Evangélica, do Conselho de Educação e Cultura da CGADB e da Ordem dos Capelães Evangélicos do Brasil; e segundo-vice-presidente da Convenção dos Ministros Evangélicos das ADs de Brasília e Goiás, além de diretor geral do Instituto Brasileiro de Teologia e Ciências Humanas.